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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

vida de professor



Não há caixas eletrônicos distribuídos em locais estratégicos (lojas de conveniências, postos, farmácias, supermercados, etc.) na cidade de Zé Doca (MA). Os caixas ficam confinados dentro das próprias agências bancárias. No Banco do Brasil, por exemplo, às vezes, somente dois caixas estão em operação. Longas e cansativas filas são formadas.
Pois bem, certo dia, depois que freqüentei uma exaustiva fila, comecei a acessar os meus dados. Inconvenientemente, uma jovem, cuja respiração quente eu sentia no meu braço, posicionou-se curvada para frente e, com uma dicção irritante oscilando entre a de Marina Silva (política brasileira) e a do pato Donald, ordenava-me: “coloque o cartão”, “retire o cartão”, “digite a senha”, “coloque o cartão”, et cetera e tal. Determinado momento, parei e, calmamente, perguntei-lhe:
- Você é comentarista deste caixa?
- Não!
- Você é secretaria eletrônica?
- Não!
- Então, por favor, deixe-me, reservadamente, concluir esta transferência.
A jovem, sentindo-se ofendida, batendo com o pé no chão e com um olhar de desdém fixado num ponto qualquer, disse:
- Vejam como são as pessoas ignorantes, mal educadas e que não sabem de nada: a gente vai ajudar e elas ainda ficam com piadinhas!

16 comentários:

Ira Buscacio disse...

Antonio,

Eu sou sua fã. O humor que vc imprime é fantástico e inteligente.
Amei o texto.

Bjão

Jorge Jansen disse...

Caro AJ
Essa sua vivência zedoquense me trás lembranças dos meus exílios em Codó e Pinheiro. Um déjà vu. E o seu estilo pitoresco da narrativa, valoriza a situação vivida com muito humor e estilo.
Abraços!

JAIR FEITOSA disse...

Caro AJRS.

Outro dia ao comprar uma ficha de salgado na cantina aqui no Instituto pedi o tipo de salgado que queria: quero um pastel de oxigênio. O novo bolsista não entendeu e perguntou de novo. O pessoal que estava ao lado não resistiu. Tive de dá uma de comentarista e explicar ao novato do que se tratava. Só não tinha a voz de taquara rachada da Marina e nem grunidos do Donald.

Sorrimos muito aqui na sala da sua crônica.

Um abraço.

Jair Feitosa.

CHIICO MIGUEL disse...

Professor Antônio, muito boas as suas croniquetas.
Sobre o assunto desta crônica, eu tenho o que contar também. Talvez eu possa.
SÁBADO MEIO DIA
Era um sábado, meio dia, quando eu voltava de uma sessão espetacular na Academia Piauiense de Letras.Digo assim, porque ali, em matéria de brincadeiras e piadas daria um livro se pudesse escrever. Não posso porque os acadêmicos são vaidosos e se sentiriam melindrados.
Mas a historinha aqui é outra coisa.
Pois bem, entrei no Banco do Brasil, praticamente vazio. Mas, além de umas duas pessoas sem expressão (ou eu não reparei bem?), havia dois homens com roupa igual que pareciam fardados, sem sigla ou sinal de que repartição ou corporação.
Cheguei-ma a um dos "cashes" - assim chamam os que têm manias da língua inglesa e comecei a fazer um pagamento cujo papel havia esquecido na gaveta, mas felizmente ainda no vencimento. Fiz a operação, tirem um extrato de minha conta. Olhando um pouco de revestrés, vi que um deles se aproximava:
- Quer alguma ajuda?
Desconfiei, fiquei mudo, de cara trancada.Cheguei-me, do outo lado da sala, a uma mesinha daqueles onde o banco coloca grampeador, papéis de depósitos, capas de cheques e lábis. Grapeei meu papel com o recibo extraído do caixa.
- Senhor, a caixa está aberta pedindo que o senhor revalide sua senha.
Nao disse nada, amarrei mais a cara. Mesmo assim fui lá, bati em todas as teclas. Encerrado, com certeza.
Depois vem o outro, tocou no meu ombro:
- Olhe o caixa que o senhor usou continua pedindo para regularizar sua senha. O senhor não vai lá.
Calado que estava, calado fiquei, olhando para fora, observando se não havia alguma coisa estranha como por exemplo caro funcionando ou se mexendo, etc. E mirei a saída direto.
Graças a Deus, os dois homens não eram guardas de nada, mas apenas da quadrilha da clonagem de cartões. Um senhora idosa, me disse um amigo, naquela mesma agência, havia sido enganada. O cartão dela, naquele movimento todo, caírra e um deles apanhou trocando por outro. Quando ela veio a dar por isto, sumiram cerca de 5.000 reais de sua conta.
Quando estive em caixa de bancos não dê ouvido a seu vizinho nem pergunte nada. Ele pode ser um ladrão, ou, na pior, você ser tomado como sendo um ladrão.
Nosso mundo é o melhor mundo para eles: um mundo de velhos esquecidos e atoas
Saudações fraternas

Francisco Miguel de Moura

Antonio José Rodrigues disse...

IRA, obrigado mais uma vez pela visita. A magnitude de suas frases enriquece os meus textos. Beijos


JAIR, gostei de saber que os meus textos são lidos por vocês. Abraços


CHICO MIGUEL, com certeza os acadêmicos têm hilariantes histórias. Uma pena que não possam ser publicadas no estilo de Jorge Amado em Farda, Fardão, Camisola de Dormir. Obrigado pela visita e o alerta, em tempo, sobre "ajudantes" assaltantes em caixas de banco. A sua visita credencia a minha página a continuar sendo publicada. Abraços


JORGE, muitas histórias pitorescas ze doquenses a gente não pode publicar para não provocar uma instabilidade diplomática entre os colegas. Abraços

Penélope disse...

Olá, tem um selinho pra você,
lá no Infinito Particular

Salomão Oka disse...

Salve, AJ! Mais um texto saboroso em que vc mostra a ignorância das pessoas que se acham superiores. Parabéns! Continuo seu fã.

Léo Santos disse...

Chato e assim mesmo, nunca se dá por conta, nem mesmo quando falamos na cara deles...

Um abraço!

Antonio José Rodrigues disse...

MALU, obrigado pela lembrança. Beijos


SALOMÃO, obrigado pelo incentivo. Abraços


LÉO, obrigado pela visita. Acompanho o Nota Preta. Abraços

Ira Buscacio disse...

Antônio,

O poeta é um fingidor... mas nem tanto!

Obrigada, pelo carinho de sempre.

Bjs

José María Souza Costa disse...

Antonio, estou apenas sorrindo. Essa gente é que não sabe o lugar delas........
um Abraço

Ana Cavalcantti disse...

Depois eu que sou engraçadinhaaaaaaaaaaa !

Unknown disse...

kkkkkkkkkkkkkk
as pessoas tem que aprender a serem solícitas apenas quando são solicitadas.

Antonio José Rodrigues disse...

ANA, vc é uma pessoa espirituosa. Beijos


O pior, Claudinha, é que eu fui ultrajado gratuitamente. Beijos

Nonato Filho disse...

kkkkkkkk...
kkkkkkkk...
Melhor do que essa, só as suas crônicas contadas na mesa de um bar...

Antonio José Rodrigues disse...

NONATO, obrigado pela visita. Abraços

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